When all hope is gone

27 novembro 2012

Foto: We Heart It

    Depois de horas cheguei ao meu destino e soube que ainda esperaria mais um tempo para te ver. Tentei parecer imparcial e fazer pouco caso mas era impossível esquecer do que a gente viveu, mesmo que tenha sido há 2 anos atrás.  No avião, havia me convencido de que não estava indo para essa viagem por você, mas nas vezes em que citaram seu nome eu corei inevitavelmente. Eu sabia que tudo estava diferente desde a última vez em que nos vimos, e não sabia se aquele desejo insaciável por mim ainda habitava em você.
   Te encontrei dias depois, saindo desajeitado do carro, com cara de quem havia passado horas dirigindo. Você me deu um aperto de mão frio e eu tive vontade de te agarrar pelo pescoço e me encaixar em você como costumava fazer. Eu não me esqueci de como eramos feitos simetricamente um pro outro.
   Mais dias se passaram e durante as noites em que nos encontrávamos  o muro que nos separava parecia indestrutível. Eu quase dei tudo por acabado, mas não podia! Precisava ouvir da sua boca que você não me queria mais e que tudo não havia passado de diversão, algo momentâneo. Em um dos meus vários momentos de inconsciência pensei em te ligar. Tirei o telefone do gancho e pensei mais trezentas vezes. Hesitei. Tomei coragem e disquei seu número o mais rápido que pude para que não houvesse tempo para desistências.
   - Rafael?
   - Sim?
  - Aqui é a Isadora - ambos ficamos em silêncio sem saber o que dizer - hm... você desistiu da gente? - completei por impulso e logo que ouvi saindo da minha boca percebi o quão estúpido aquilo soava.
   - Estou passando na sua casa agora!
    Aquela era, por sorte, uma das poucas situações em que eu me encontrava sozinha em casa. Teria liberdade para fazer o que eu quisesse. Esperei por horas, inquieta, sem ter pela primeira vez controle sobre o meu próprio corpo, minha própria mente.
   Ouvi a campainha tocar e pulei da cama. Depois de tantos anos,  eu não sabia como deveria agir, como deveria cumprimenta-lo e me perguntei se ainda o chamavam pelo antigo apelido. Abri a porta nervosa.
   - Oi! - me esforcei o máximo para parecer o mais natural possível.
   Não tive resposta e nem tempo para pensar. Você me agarrou bruscamente e me beijou. Um beijo mágico, puro, inocente. Esqueci de todo o discurso que havia preparado e me entreguei verdadeiramente. Foi uma noite regada a vinho e quase nenhum diálogo. Usei da pouca luz que havia no quarto para observar seu rosto. Era como sempre foi, e eu gostava assim. 
  Fizemos um pacto. Juramos que, não importava o que fosse acontecer, no final teríamos um ao outro. Anos poderiam passar, mas continuaríamos nos desejando. 
   Você me disse que precisava ir. Vestimos nossas roupas, eu te acompanhei até a porta e te olhei pela última vez nos olhos e vi - mesmo tentando esconder, mesmo não querendo - que tudo aquilo acabaria na manhã seguinte quando ambos estivessemos sóbrios.



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